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TUDO O QUE IMPORTA AGORA

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Entre os lançamentos válidos deste ano, e por favor acredite, 2014 está sendo um ótimo ano, eu decidi destacar o que irá definitivamente convencê-lo de que não existe razão para desacreditar em 2014.

Aos desacreditados eu dedico  “Happy Idiot”, o primeiro single do ainda inédito Seeds, o aguardado novo álbum do fantástico TV On The Radio, e sem dúvida um ótimo recomeço para restaurar a sua fé em 2014.

 

O incrível Spoon retomou as atividades e lançou They Want My Soul, um forte concorrente ao título de melhor álbum de 2014. Entre muitas pérolas presentes neste novo trabalho eu destaco a belíssima “Do You”, um legítimo teste para a sua capacidade de repetição até a completa exaustão.

 

O The Horrors é definitivamente uma das minhas bandas favoritas dentro do que talvez seja possível nomear como “nova geração”, e veja que estamos falando de uma banda formada em 2005! O single “So Now You Know” é o suficiente para você se entregar ao espetacular  álbum Luminous, um trabalho imperdível.

 

O ALT-J é algo que precisamos reconhecer. Não existe nada muito mais inovador do que o grupo no momento, e o single de “Left Hand Free” já é uma das melhores músicas lançadas este ano, presente no ainda inédito e muito aguardado novo álbum This Is All Yours. Reconheça.

 

Hamilton Leithauser é o vocalista do intocável e adorável The Walkmen, e apesar de alguns receios quanto a sua estréia solo com o lançamento do álbum Black Hours, basta ouvir a sutileza elétrica de “I Don’t Need Anyone” para compreender o quanto é justificável a multiplicação dos fãs de Leithauser e Walkmen neste incrível 2014.

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O LINE-UP PERFEITO PARA 2014

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Imagine um festival perfeito. Um local agradável e aberto, com fácil acesso e um estacionamento amplo, sem cobrança abusiva ou estrutura deficiente.

Imagine três grandes palcos posicionados em diferentes terrenos levemente inclinados, possibilitando uma boa visão do público independente da distancia e quantidade de pessoas na plateia.

Imagine telas de alta definição que dissecam detalhes mínimos e um som cristalino e eficiente.

Imagine.

Imagine uma quantidade satisfatória de banheiros disponíveis e bem distribuídos. Praças de alimentação com variedade e qualidade de opções, além de um amplo espaço para descanso, com bancos confortáveis e entretenimento cultural.

Imagine um festival perfeito.

Uma perfeição tão plena que apesar de sua impecável estrutura indiscutível, não comprometa os espectadores em um esforço financeiro sofrível, oferecendo ingressos ao custo de no máximo 280 reais (com todas inimagináveis taxas de conveniência e frete incluso).

Será que é impossível a realização de um festival perfeito? Será que é impossível para o Brasil?

Para celebrar um sonho tão lírico e belo, é necessária a escalação de um line-up perfeito, uma seleção de artistas de destaque digno, do que pode vir a ser o melhor festival de todos os tempos, um desafio ambicioso para qualquer curadoria de shows existente hoje.

Imagine.

Para cada um dos três incríveis palcos disponíveis, nove atrações inesquecíveis são escaladas para o delírio de milhares de fanáticos sonoros, refletido em uma implacável disputa pela compra dos ingressos.

Todo esforço é válido, pois trata-se do festival perfeito.

Atrevendo-se ao desafio, e quem sabe ao acaso de curadorias distraídas, MESS_UP selecionou o line-up perfeito dos festival dos sonhos, escalando artistas atuais, contemporâneos e pérolas sonoras prontas para serem (re)descobertas.

Considerando o cenário atual sem qualquer exagero ou tendendo ao impossível, apresentamos o line-up perfeito para o melhor festival de todos os tempos!

Aprecie e lembre-se de que está convidado a sugerir, discutir ou criticar o nosso line-up através do campo para comentários. Sinta-se em casa!

FESTIMAGI
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O COMERCIAL DE JULIANA R.

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Utilizada como tema na nova campanha comercial de divulgação do Windows 8, a canção “El Hueco”, resgata o tímido e excelente primeiro álbum homônimo da interiorana paulista Juliana R.

Frequentemente associada ao “novo folk”, Juliana prefere esquivar-se de qualquer limitação de gênero, apresentando-se simplesmente como cantora e compositora.

Lançado pela editora YB no segundo semestre de 2010, e disponível para download gratuito em seu site oficial, o trabalho homônimo de Juliana R. navega entre diferentes ritmos, línguas e sonoridades, surpreendendo o ouvinte desatento e agradando uma freguesia criteriosa.

Sem dúvida alguma uma redescoberta deliciosa, acima da média.

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UMA AGUARDADA PROMESSA

É fato indiscutível que a carreira solo de Noel obscureceu qualquer expectativa que o encrenqueiro irmão Liam aspirava com o grupo Beady Eye, sua visão particular e distorcida do Oasis, sem a presença do mais carismático Gallagher.

Apesar de um fraco e esquecível primeiro álbum, o Beady Eye retoma as atividades e se prepara para o lançamento de BE, seu novo trabalho inédito sob a produção de Dave Sitek, guitarrista do TV On The Radio.

Para a promoção do novo álbum, o grupo recentemente divulgou a canção “Flick of the Finger”, e a revelou a aguardada capa de BE.

https://soundcloud.com/beadyeye/flick-of-the-finger

A primeira amostra do novo álbum, a canção “Flick of the Finger”, surpreende pela ótima qualidade musical, enquanto a produção gráfica sob os cuidados do fotógrafo Harry Peccinotti definitivamente projeta-se como uma das melhores do ano.

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Talvez a obscuridade sob Liam desapareça, talvez.

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FINALMENTE A MÚSICA NOVA DO DAFT PUNK

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A expectativa era alta, e depois de inúmeras versões não oficiais, a dupla francesa Daft Punk finalmente divulgou a versão oficial da canção “Get Lucky”, o primeiro registro do aguardado álbum Random Access Memories.

A versão definitiva não surpreende, com uma estrutura simples e previsível, muitas variações não oficiais aproximaram-se do resultado final de  “Get Lucky”, sinalizando que talvez toda histeria provocada pelo lançando do novo álbum pode ser reverter em um fracassada insatisfação geral, ao menos para aqueles que aguardam uma “revolução” sonora.

Aos desatentos nada preocupa, afinal, “Get Lucky” é simpática e capaz de manter o corpo em constante movimento, sem resultar em um incontrolável e prazeroso incêndio.

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A NOVA MÚSICA TORNA-SE APENAS MÚSICA

Um amigo se aproxima e curioso me pergunta o que eu estou ouvindo. Penso que é tão complicado responder a essa pergunta, com uma resposta objetiva e sincera, que decido lhe recomendar cinco novos álbuns, todos lançados recentemente, pra que assim ele tire suas próprias conclusões.

Procuro nos meus arquivos coisas bem diferentes, para que a cada novo álbum a audição seja bombardeada com uma proposta sonora completamente diferente da anterior. Transfiro os arquivos no formato MP3 para um pen drive e lhe entrego tudo desejando sorte.

Três dias após o ocorrido sou eu quem está curioso. Será que o meu amigo apreciou os álbuns? Será que ouviu? Decido então lhe enviar um e-mail perguntando sobre as impressões. Como eu sei que ele possui um apurado senso crítico, fico ansioso para saber se as percepções dele coincidem com as minhas.

Ao receber o e-mail fico surpreso com a reposta, pois não trata-se de uma crítica sobre cada um dos cinco álbuns recomendados, mas sim uma reflexão nostálgica e melancólica sobre percepção da música hoje. Ele diz “Obrigado pelas recomendações, são ótimas, mas percebo que, a cada novo dia a música torna-se mais descartável. Lembra-se quando havia apenas poucos álbuns disponíveis e que ouvíamos todos infinitamente? Será que havia poucos álbuns ou todos eles eram bons demais?”.

Eu sorri ao ler a provocação nostálgica.

Havia sim grandes e poucos álbuns. Lembro-me que o CD ainda era uma cara e surpreendente novidade, a qual despertava os mais terríveis sentimentos nos amantes do vinil, ao mesmo tempo em que representava uma evolução incrível quanto ao tamanho, cuidado e facilidade de manuseio.

Você poderia facilmente ouvir a próxima faixa ao selecionar um comando, ao invés de interromper a execução de uma trilha magnética no vinil e tentar acertar a próxima, com uma agulha.

E assim a evolução se fez. O vinil, há quem o diga, possui uma mágica combinação de elementos palpáveis e atraentes aos olhos e ouvidos, além de representar uma “qualidade sonora superior”, de acordo com alguns simpatizantes. Eu não afirmo, pois não o utilizo. Então acredito que devo permanecer-me neutro.

O CD era inovação. Uma jóia sonora, mas foi rapidamente superado pelo arquivo MP3. Um formato de manuseio ainda mais fácil e praticamente sem limites de armazenamento. Hoje qualquer pen drive é capaz de armazenar 30 ou mais diferentes CDs, mas em contrapartida não há qualquer experiência física.

A nova música torna-se apenas música, e o dito “arte” torna-se apenas uma embalagem descartável. Essa evolução resultou em calorosas discussões sobre a necessidade dos elementos físicos na música, da mesma forma que muitos afirmam que ela tornou-se descartável devido ao seu novo formato, mas eu não acredito.

Eu adoro poder carregar comigo uma enorme variedade de álbuns comprimidos em um único objeto pequeno. Eu vivi e posso dizer o quanto é trabalhoso manter a saúde física de um vinil, além do espaço necessário para armazenagem de CDs e da complicada relação de custo e praticidade de ouvir música em aparelhos de discman e walkman. Eu abomino. Com as casas cada vez menores, a música finalmente encontrou o que eu acredito ser seu formato ideal, o invisível byte eletrônico.

Hoje, a facilidade de fazer, gravar e distribuir música é muito grande. Infinitamente maior que qualquer década passada. E a tendência é de simplificar ainda mais. Até o ponto onde leigos teóricos serão capazes de compor sinfonias com a simples combinação de cores e percepções. A música  graças a evolução tecnológica será finalmente de todos.

Antes havia uma complexidade maior na composição, gravação, edição, publicação, divulgação e distribuição da música. Hoje não. Antes, os lançamentos anuais quase não alcançavam o número de lançamentos mensais do presente, tendo muitas poucas variações de estilos.

Antes havia muito tempo e pouca música. Hoje vivenciamos o inverso. E quanto mais a tecnologia avança, mais ansioso eu espero.

Sou favorável à evolução, sempre. Eu também faço parte de uma banda, e fico feliz em imaginar que no futuro, todos nós seremos parte de uma.

E quando a música de hoje tornar-se descartável e repetitiva aos seus ouvidos, eu sugiro que você se utilize da tecnologia para desenvolver a sua própria música.

Nunca foi tão fácil tomar alguma atitude quanto a essa insatisfação quanto hoje, por conta da evolução tecnológica, portanto se você quiser, faça algo, faça com que a sua opinião e percepção sobre a música seja ouvida. Talvez seja um sucesso.